No Brasil, Setembro se tornou o mês de prevenção ao suicídio e conscientização sobre saúde mental. Vemos diversas campanhas em veículos midiáticos e empresas, por parte dos profissionais e órgãos de classe das categorias da saúde. Mas, de que se trata essa campanha?
A origem do Setembro Amarelo remonta tristemente ao suicídio de um jovem americano em 1994, quando ele tinha 17 anos. Sensibilizados com a situação, familiares e amigos fazem cartões com laços amarelos, que foram distribuídos no velório do adolescente, incentivando quem estivesse sofrendo a buscar ajuda entre familiares, amigos e profissionais de saúde. O rapaz em questão, que suicidou, era dono de um carro amarelo, que inspirou o símbolo mundial de campanha.
No Brasil, um marco importante está em 2013, quando o então presidente da ABP- Associação Brasileira de Psiquiatria- insere o setembro amarelo como uma campanha dentro do calendário nacional. A cada ano, vemos que o tema da saúde mental ganha mais notoriedade, de forma que o Setembro Amarelo configura a maior campanha anti estigma do mundo.
Ao contrário de outros países, nos países das Américas as taxas de suicídio vem crescendo. No Brasil, os índices beiram 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia no nosso país e vê-se um crescimento vertiginoso das tentativas de suicídio em crianças e adolescentes.
Além disso, as estatísticas mostram um aumento da prevalência de transtornos ansiosos e depressivos na população brasileira, com uma busca cada vez maior por tratamentos no campo da saúde mental, ainda que esse seja um campo recoberto por estigmas e mal entendidos.
Todos esses dados nos levam à seguinte pergunta, que pode parecer óbvia mas por vezes deixa muitas pessoas angustiadas: quando procurar ajuda de um profissional de Saúde Mental? (psicólogo, psiquiatra, psicanalista, entre outros)
Não pretendo aqui propor um protocolo ou uma resposta única para tal pergunta, mas compartilhar alguns pontos que meus anos como psicóloga me permitiram formular com maior clareza.
Primeiramente, cabe ressaltar que não é necessário um diagnóstico de transtorno mental para buscar ajuda para questões emocionais, tanto dentro do âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde) quanto em relação a profissionais que atendem de forma particular.
A meu ver, basta apenas uma percepção de que algo não caminha bem na vida, em termos emocionais. Muitas pessoas buscam ajuda a partir de sintomas físicos ou psíquicos (ansiedade, depressão, síndrome do Pânico, manifestações psicossomáticas, sensação recorrente de angústia, etc), outras buscam por indicação de algum profissional de saúde, outras sentem que não estão conseguindo dar conta sozinhas do sofrimento habitual da vida, enquanto outras possuem perguntas sobre si mesmas e a vida que não conseguem responder sozinhas. No caso de crianças e adolescentes, é comum a solicitação de avaliação de um profissional de saúde mental por dificuldades escolares, tanto comportamentais quanto pedagógicas.
Enfim, as possibilidades para se acessar um tratamento em Saúde Mental são tão variáveis quanto as manifestações do sofrimento humano.
Vale lembrar que procurar ajuda de um profissional de saúde mental não faz de você "louco" ou alguém com menos capacidade emocional ou força de vontade, receios que mesmo atualmente os profissionais de saúde escutam nos consultórios.
Por isso, caso você se identifique com alguma das situações acima, ou caso apenas se pergunte se a busca por tratamento pode ser benéfica, busque conversar com alguém próximo, que possa te auxiliar na busca por um profissional de saúde mental qualificado e apto para te auxiliar no seu cuidado emocional.
Para Saber Mais:
https://www.setembroamarelo.com/
Autora:
Flávia de Almeida Prado Cézari, psicóloga e psicanalista.
Psico-USP
Atendimento online e presencial de crianças, adolescentes e adultos (Vila Mariana- São Paulo)
- Contato: flacezari@gmail.com
- LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/flávia-de-almeida-prado-cézari-29b50846/